Para tentar definir a palavra ‘travessão’, poderíamos observar tudo que se atravessa.
No imaginário do projeto havia uma pessoa que viveu sempre em Ouro Preto, e, certo dia, resolve ir pela primeira vez à Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais.
A única maneira de fazer esse percurso seria através da via férrea, porém não existindo mais trens que fazem esse percurso, tem-se que ir a pé…
Então:
Partimos de Ouro Preto, desde a estação ferroviária, ao alvorecer de um certo dia.
A caminhada, até a hora do por do sol, foi feita por sobre os dormentes, com algumas paradas para descansar, beber água e comer, até chegarmos em Rodrigo Silva, onde jantamos e dormimos na casa de uma amável senhorinha.
Ao novo alvorecer, seguimos viagem, e caminharmos até o anoitecer.
Paramos novamente para dormir em Miguel Burnier, desta vez no alojamento da ‘FSA’, que nos leva até Belo Horizonte, em um terceiro dia de viagem, realizado em um pequeno ‘auto de linha’. (Neste percurso, proibe-se caminhar pela via férrea).
Nesse último dia, completamente de chuva quase torrencial, não haveríamos de ter conseguido caminhar.
Durante o percurso foram feitas gravações em áudio que relatam as nossas experiências e feitas inúmeras fotografias, em película preto e branco.
Chegamos à estação ferroviária de Belo Horizonte ao anoitecer deste terceiro dia, ainda embaixo de forte chuva.
O impacto da chegada à cidade grande é posto frente à frente com a paisagem natural do percurso ferroviário.
Depois da chegada, realizamos várias caminhadas em Belo Horizonte, com o objetivo de vivenciarmos a cidade e captar fotografias.
Colocamos, lado a lado, as experiências do trajeto pela ferrovia e as da cidade. Umas contrapondo as outras.
O projeto foi realizado com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
O ‘CRAV’ recebeu o álbum contendo fotografias, e algumas fitas K7, contendo os relatos do processo.Resultados desse projeto foram expostos no Centro Cultural UFMG, no ano de 2000.
Reprodução do convite da exposição da UFMG.