Conta uma não-lenda desencantada que havia um tempo em que todos eram diferenciados por seu poder de comprar coisas úteis e inúteis.
Nesse tempo, também, havia muitos governantes poderosos que mantinham mulheres, homens e crianças sob seu total domínio. Essas pessoas lhes deviam favores, obediência, e obrigações religiosas.
Proibição de fala e pensamento eram decretados com naturalidade, e os revoltosos eram presos em masmorras, punidos com torturas, degredo e exílio.
Outros povos, já haviam conquistado direitos básicos, porém ocupavam-se de si mesmos, não dando a menor importância às necessidades dos outros.
Um dia, uma bela princesa teve a idéia de garantir que todas as pessoas, independente de raça, cor, religião ou atividade política, tivessem direito de morar e comer bem, de ter emprego, família e amigos, direito à arte deles e dos outros povos, além de poder, pensar, dizer e fazer o que desejassem, contanto que não ferissem os iguais direitos dos outros.
Para melhorar a qualidade de vida das pessoas, essa bela amazona, começou a construir moradias com uma sacada para a rua, como garantia de que, todos os dias, as pessoas pudessem, do alto, não somente ver o sol nascer ou se por, mas também ver quem chega e sai, quem passa ou fica.
Dali de cima, também, mesmo as pessoas que não pudessem saír de suas casas, por algum motivo de saúde física, ouviam as falas dos outros e davam suas opiniões.
E assim, pessoa a pessoa, a população inteira teve direito a suas sacadas, seus pensamentos, suas falas e liberdades incondicionais.
O planeta, que observava quieto, sorriu, porque esse mesmo povo também cuidou dele, como a casa de todas e todos.