Lendas de Pangeia – II

 

 

 

O sol brilhava ardente, e podia ser visto diariamente durante doze horas, um pouco mais brando no início das primeiras e nas últimas horas do dia, quando estava chegando ou partindo para o outro lado do mundo.

 

Os bichos diurnos corriam soltos nas florestas, montanhas e vales.

Os bichos noturnos, viviam onde somente a profunda escuridão reinada, e nunca haviam visto o dia, até quando um deles resolveu ser boêmio e trocou a noite pelo dia.

 

Quase não podia abrir os olhos, e foi muito lentamente conseguindo ver tudo.

 

Então, reuniu os bichos da noite em uma enorme assembleia que lotou a grande montanha e o vale.

 

E gritou, em uma língua geral, para que todos o compreendessem:

– Existe um sol enorme que brilha, e se pode ver tudo!

Necessitou explicar a palavra ‘sol’, até então desconhecida.

– E como assim? Como se pode ver tudo?

 

Uma grande balbúrdia se instalou.

 

Após alguns acertos, ficaram todos acordados, esperando o meio do dia.

 

Organizaram-se para soprar com todo o ouro de seus corações na tentativa de levar os raios do sol, do meio do dia, para o meio da noite…

 

Alguns cambaleavam de sono, mas todos permaneceram mais ou menos acordados, mediante toda aquela luminosidade.

Apertavam os olhos por causa do excesso de luz.

 

E…

 

– Agora! Agora! Agora!

 

Sopraram com tanta força que puseram-se a dormir, voltando a acordar somente no meio da noite, para pela primeira ver que o ouro de seus corações havia se transformado em um espelho.

 

Então, perceberam que se podia ver quase tudo, e que seus esforços para ficarem acordados  havia valido a pena.

 

 

LENDAS PANGEIA II- LUA  cópia

 

 

Desde então a lua, às vezes maior, as vezes média, às vezes cheinha, cheinha, espelhada de ouro, brilha no céu!