Nos primórdios de Pangeia, já havia um capim que crescia alto, e tinha seu talo grosso, muito grosso e suculento.
Os habitantes gostavam de mastigar o talo do capim, que escorria seu mel nas bocas sedentas saciando-as de líquido e de doçura.
Certo dia, o céu quase veio abaixo com uma tempestade de coriscos assustadores e trovões tenebrosos fazendo os habitantes esconderem-se em uma enorme caverna,
Eram tantos os coriscos e tão forte a chuva como nunca se havia antes visto.
De repente, um enorme fogaréu se fez. Com capinzal em chamas, o cenário era de desolação pois nunca se havia visto tamanha destruição.
Ao amanhecer, o sol brilhava forte, e a brisa fresca sossegou novamente os corações.
Todos os bichos, desconfiados e sem ter certeza que tudo aquilo já havia realmente acabado, saíram de seus esconderijos e tocas.
Com o capinzal queimado, as mulheres, homens e crianças andaram e andaram sem encontrar nada para comer ou beber.
De repente, quando a sede e a fome já os deixavam desolados, uma criança iluminada observou algo que parecia uma pedra, e, com instinto criador, atraída por aquela coisa estranha, apanhou-a do chão a levou à boca.
Logo após, gritou: Xikiui! Xikiui!“ (É doce! É doce!).
Todos acudiram aos chamados da criança, e foi assim que experimentaram a primeira rapadura.
Quando o capinzal tornou a crescer, todas as mulheres aprenderam a juntar o fogo e o caldo do capim para fabricar a rapadura.