Escrevinhadura

2012

Touros ou toureiros?

 

 

 

 

TOURO E TOUREIRO NEGATIVO - RED

 

 

Existem  experiências na vida das quais não conseguimos nos esquecer…

Como um parto, apesar de tardio, escrevo para dividir a lembrança.

 

Lá atrás, em 2009, na Espanha, vivi três meses no pueblo de Los Naval Morales, na Espanha, e certo dia, resolvi ver uma tourada,  buscando descobrir porque Pablo Picasso era assíduo freqüentador desse espetáculo.

 

Nunca havia, antes, vivenciado tal experiência de morte e glória.

Homens de corpos esbeltos, vestimentas e comportamentos de vencedores juntam-se para destruir a vida de um touro, em um espetáculo de dança e teatro assistido pelo  público, nesta arena medieval, da qual somente os vitoriosos sobrevivem.

 

O cenário  sanquinário, é aplaudido freneticamente pelos que lotam as arquibancadas, Todos balançam seus lenços brancos cada vez que um touro dá seu último suspiro..

 

E os toureiros  aplaudis, garantem para a próxima tourada, outro capítulo de sua morte anunciada, quando serão substituídos por homens mais jovens e ágeis.

 

Quanto a Pablo Picasso, continua minha dúvida.

 

 

 

Lendas de Pangeia – I

 

 

 

RED p lenda pangeia I -

 

 

 

Nos primórdios de Pangeia, já havia um capim que crescia alto, e tinha seu talo grosso, muito grosso e suculento.

 

Os habitantes gostavam de mastigar o talo do capim, que escorria seu mel nas bocas sedentas saciando-as de líquido e de doçura.

 

Certo dia, o céu quase veio abaixo com uma tempestade de coriscos assustadores e trovões tenebrosos fazendo os habitantes esconderem-se em uma enorme caverna,

 

Eram tantos os coriscos e tão forte a chuva como nunca se havia antes visto.

 

De repente, um enorme fogaréu se fez. Com capinzal em chamas, o cenário era de desolação pois nunca se havia visto tamanha destruição.

 

Ao amanhecer, o sol brilhava forte, e a brisa fresca sossegou novamente os corações.

 

Todos os bichos, desconfiados e sem ter certeza que tudo aquilo já havia realmente acabado, saíram de seus esconderijos e tocas.

 

Com o capinzal queimado, as mulheres, homens e crianças andaram e andaram sem encontrar nada para comer ou beber.

 

De repente, quando a sede e a fome já os deixavam desolados, uma criança iluminada observou algo que parecia uma pedra, e, com instinto criador, atraída por aquela coisa estranha, apanhou-a do chão a levou à boca.

Logo após, gritou: Xikiui! Xikiui!“ (É doce! É doce!).

Todos acudiram aos chamados da criança, e foi assim que experimentaram a primeira rapadura.

 

Quando o capinzal tornou a crescer, todas as mulheres aprenderam a juntar o fogo e o caldo do capim para fabricar a rapadura.